Muitos e muitos milhares em
todo o País com a CGTP-IN

Confiança na luta<br>marca protestos de Maio

Em mais de meia centena de localidades de todo o País, muitos e muitos milhares de trabalhadoras e trabalhadores acorreram às comemorações do Dia do Trabalhador, promovidas pela CGTP-IN, afirmando o seu apoio à exigência de mudança de rumo na política nacional, para garantir mais emprego, mais salários, cumprimento dos direitos e dignidade para quem trabalha.

Nas eleições deve expressar-se os objectivos das lutas travadas

As reivindicações deste 1.º de Maio - expressas no lema escolhido pela CGTP-IN e nas intervenções de Manuel Carvalho da Silva, em Lisboa, João Torres, no Porto, e dos demais dirigentes, nas manifestações, desfiles, concentrações e festas populares, que tiveram lugar em todos os distritos e nas regiões autónomas, e das quais publicamos algumas imagens nas páginas 16 e 17 desta edição – são tomadas pela central como «objectivos centrais para a mudança, para o País sair da situação de crise em que se encontra, para se construir um futuro de progresso e com mais justiça social», como afirmou o secretário-geral da Intersindical, perante os milhares de pessoas que confluíram para a Alameda D. Afonso Henriques.
Juntando trabalhadores do distrito de Lisboa e da Margem Sul (concelhos do Norte do distrito de Setúbal), a principal manifestação deste 1.º de Maio foi preenchendo o Largo do Martim Moniz desde as duas da tarde e partiu, uma hora depois, da Rua da Palma, subindo a Avenida Almirante Reis, ao som de bombos, canções de intervenção e palavras de ordem. Ao longo do percurso, nos passeios, muitas pessoas aguardavam a passagem e aplaudiam os grupos de manifestantes. Os aplausos tornavam-se mútuos, nas proximidades da Rua de Angola, onde a delegação do PCP - com Jerónimo de Sousa, Francisco Lopes, Paulo Raimundo, Margarida Botelho e outros dirigentes - saudou a manifestação e foi efusivamente saudada.
Identificados com faixas, bandeiras, carros alegóricos, bonés ou, até, capacetes, desfilaram, a seguir ao espaços da direcção da central e da Interjovem, trabalhadores dos transportes, comunicações e telecomunicações, da hotelaria, alimentação e bebidas, da banca e seguros, do comércio e serviços, da portaria e vigilância, da indústria gráfica, da construção, cerâmica e vidro, quadros técnicos, têxteis, Administração Pública (com Função Pública, professores, enfermeiros, Arsenal do Alfeite e outros estabelecimentos fabris das Forças Armadas, administração local), das indústrias eléctricas, da metalurgia, da química... Os reformados de Lisboa integraram a manifestação junto à Igreja dos Anjos. A par de organizações de mulheres ou de imigrantes, diversas faixas identificavam concelhos e localidades, com reclamações de âmbito local.
Numa amena tarde de sol, com música dos Navegante, a festa dos trabalhadores que conhecem o valor da unidade e da luta estendeu-se pela relva da Alameda, partilhando o farnel levado de casa ou os petiscos dos bares ali instalados por algumas das organizações sindicais.
De manhã, o 1.º de Maio tinha sido celebrado por mais de mil atletas, que participaram na Corrida Internacional, com partida e chegada no estádio do Inatel.

É possível!

Depois de evocar as «muitas centenas de milhares» de trabalhadores e trabalhadoras que, no último ano, participaram «em grandes e pequenas lutas» e, assim, «defenderam emprego, direitos no trabalho e direitos sociais, defenderam os interesses do País», o secretário-geral da CGTP-IN dirigiu-se aos «mais de meio milhão de desempregados», expressando solidariedade e apelando a que não se deixem «isolar e amesquinhar» e sublinhando que «é possível criar-se emprego e emprego com direitos», para tal bastando concretizar as propostas que a central vem defendendo. Aqui se incluem, nomeadamente, a valorização da produção, o uso mais justo da riqueza, a assumpção de responsabilidade social pelas empresas, a valorização do emprego público e das funções do Estado, o efectivo combate à precariedade e à pobreza, a retribuição justa do trabalho.
Aos jovens, Carvalho da Silva estimulou-os a que engrossem a luta colectiva e a participação nos sindicatos, recusando que Governo e patronato pretendem impor «apenas desemprego ou emprego absolutamente precário, a troco de baixíssimas remunerações».
Evocando o 35.º aniversário do 25 de Abril, o dirigente sindical salientou o importante marco que foi o 1.º de Maio de 1974, para os «excepcionais avanços» alcançados com a revolução. Abordando a situação actual, «resultado do descalabro do neoliberalismo e de insanáveis contradições do sistema capitalista», defendeu uma «mudança efectiva», pois «não haverá saída da crise com prosseguimento e aprofundamento das políticas e das práticas que lhe deram origem».
Num ano marcado por três actos eleitorais, a CGTP-IN apela a que «os trabalhadores e as suas famílias participem massivamente, fazendo a sua opção de voto no sentido de contribuírem para a construção de uma sociedade melhor para todos, em coerência com os objectivos por que têm lutado».